Buquê
de casamento de Lauren Meisels e Bradley Melshenker: folhas de maconha ao lado
de rosas MORGAN RACHEL LEVY / NYT
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NOVA YORK — Este mês, quando Elle Epstein chegou ao rancho Devil’s Thumbe, em Tabernash, Colorado, para o casamento de seus amigos Lauren Meisels e Bradley Melshenker, ela, como outros convidados, encontraram um presente esperando no quarto do hotel. Mas ao invés de ser um guia de turismo da região ou um pote com mel feito na região, o embrulho contia um baseado, um isqueiro e um protetor labial feito de manteiga de manga e cannabis, além de um recado: “nós queremos te mostrar algumas das coisas que mais amamos”.
Ela
soube então que o casamento no Colorado seria um pouco diferente dos que ela
tinha comparecido no passado.
A
boda dos Meisels e dos Melshenker parecia ter tirado sua inspiração não de uma
revista sobre casamentos, mas da publicação pró-legalização “High Times”. Todos
os arranjos florais, incluindo o buquê da noiva, continham uma variedade de
flores misturadas com botões e folhas de maconha. Melshenker e seus padrinhos
usavam lapelas feitas de corda e botões de maconha, e os três cachorros do
noivo, que também compareceram à cerimônia, usavam coleiras feitas do mesmo
material.
Antes
do jantar começar, convidados receberam um broto de maconha em um pote de
cerâmica com os seus nomes. As mesas foram nomeadas de acordo com diferentes
tipos de maconha, como Blue Dream, Sour Diesel e Skywalker (a favorita do
noivo). Elle Epstein, que estava sentada na Skywalker, disse que todo mundo na
mesa, cujas idades variavam entre 40 e 70 anos, passaram adiante um espécie de
cigarro eletrônico, que continha óleo de cannabis ao invés de nicotina.
—
Não pareceu estranho ou bizarro. Ao invés disso, foi como uma forma de coquetel
— diz ela.
Com
a venda de marijuana legalizada para uso recreativo no Colorado e no estado de
Washington, maconha e a sua parafernália estão se tornando comum em casamentos
nesses estados, seja como brindes ou em narguilés.
Noivas
e noivos, mesmo os que dizem que não fumam muito mas querem ser cordiais, estão
dando aos convidados opções que vão muito além do vinho merlot ou chardonnay.
Agora, o cardápio inclui cannabis como Tangerine Haze e Grape Ape.
—
O uso de marijuana em casamentos saiu do armário — afirma a organizadora de
festas Kelli Bielema, de Seattle. — Eu fiz um casamento recentemente em que
havia uma caixinha com baseados dentro. Eles passavam e diziam, “aqui,
aproveite”.
A
escolha de fazer da maconha uma parte fundamental do casamento, senão central,
foi praticamente inquestionável para Bradley Melshenker, de 32, e Lauren
Meisels, de 34. Cannabis sempre teve um papel importante no relacionamento do
casal, desde o começo. Lauren conheceu Melshenker em 2007, quando os dois
viviam em Los Angeles. No primeiro encontro, eles fumaram um baseado juntos, e
Lauren disse que estava procurando por um namorado que também fumasse. Cinco
anos depois, o casal foi morar junto em Boulder, e abriram a Greenest Green, um
centro de cultuivo de maconha, que eles recentemente venderam.
—
A nossa vida toda nos últimos cinco anos foi maconha, maconha, maconha — conta
Melshenker, que agora opera, ao lado da mulher, uma consultoria para
interessados em abrir negócios relacionados à maconha e uma produtora de óleo
de cannabis.
Muitos
dos entusiatas da marijuana veem o alcóol como ultrapassado, uma droga à moda
antiga cujo uso pode inflamar tensões familiares e levar as pessoas a falarem
coisas horríveis, especialmente em casamentos. Em comparação, a maconha, eles
defendem, ajuda a acalmar as pessoas e as fazerem a gostar mais uma das outras.
Antes
de Jennifer e Chase Beck, de 27 e 24 anos, se casarem em maio, também no rancho
Devil’s Thumb, eles discutiram brevemente se deveriam servir cupcakes com THC
além dos tradicionais. O casal, que fundou o site Cannabase.io, acabou
desistindo dos bolinhos, em parte porque era primavera, quando os rios estão
repletos de neve e ursos estão saindo da hibernação — não exatamente o momento
ideal para ficar chapado nas montanhas.
Porém,
eles não hesitaram em servir baseados de uma erva chamada Space Cheese. Hoje,
existem “budtenders” (espécie de “sommelier” que só trabalha com maconha ao
invés de vinhos), para ajudar casais a encontrar a erva ideal para seu
casamento. Bec Koop acaba de abrir um negócio, Buds and Blossoms em Alma,
Colorado, em que aconselha aqueles que querem incluir maconha em seus pratos
principais, saladas, buquês e lapelas. Koop acredita que os noivos devem
escolher a folha do casamento com tanto cuidado quanto na escolha da música e
das roupas. Algumas espécies ajudam a desinibir os convidados na pista de
dança, enquanto outras relaxam até a mais nervosa das noivas.
—
Se existem duas famílias que não estão tão felizes assim com a união, você pode
encontrar uma erva que as façam mais eufóricas — sugere.